segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Um primeiro depoimento

Abaixo um primeiro depoimento [em tom poético] feito pelo Charles, um dos atores que está participou da primeira oficina!

"Pedalo...

Flutuo na minha Monark bicolor....

Sinto meu corpo interligado...As pernas,os braços, cabeça, tronco, cordas vocais, vísceras, ossos,sangue,olhos.Todos são um. E flutuo pela rua Brusque a caminho de casa. A poucas horas atrás estava...Diante de uma porta, diante de mim mesmo.Investigando meu corpo, minha voz, minhas sensações.

Caminho...

Encosto meus pés nus, nos azulejos da "Casa"...

Espero pela minha vez...Enquanto vejo criatividade, insegurança, concordância, contradição, abertura, fechamento,embriaguez.E caminho numa procissão atrás de uma nova performance.Em alguns minutos estaria eu, como meus colegas de oficina, me embriagando comigo mesmo. Salve Díonisio!

Alongo...

Alinho meu esqueleto na parede preta da caixa cênica...

Respiro fundo e o alongamento flui...Percebo as mãos tônicas, a respiração leve, os braços forcejando, os olhos abertos, a Barbara sutil e doce. E alongo, numa luta entre dois Charles: O do cotidiano e o que nega o "sistema".Naquele momento eu temia e desafiava a mim mesmo. E vencia.Quem é o vencedor?O Charles...Ora bolas!!!

Pedalo, caminho e alongo.Flutuo, encosto e alinho. Sinto, espero e respiro.

Vivo.

Viva vida.
Vida viva."

Charles [http://beatocharles.blogspot.com/]

A seguir um momento [em imagem e texto] da cena do moço...



















"Os olhos no teto, a nudez dentro do quarto; róseo azul ou violáceo, o quarto é inviolável; o quarto é individual, é um mundo, quarto catedral, onde, nos intervalos da angústia, se colhe, de um áspero caule, na palma da mão, a rosa branca do desespero, pois entre os objetos que o quarto consagra estão primeiro os objetos do corpo."

[
Raduan Nassar | Obra literária: Lavoura Arcaica]

Um comentário:

Sandra Knoll disse...

E foi assim que exploramos os espaços da casa da cultura. Onze pessoas. Todos engajados na mesma vontade...apreender o máximo de tudo neste fim de semana.
As pessoas que por lá passavam não entendiam muito bem..."que será que está acontecendo?" Mas tudo era aproveitado...os sons, as pessoas, o chão áspero, as portas descascadas, os entulhos no pátio, as obras de arte nas galerias, as escadas...tudo, tudo...o espaço explorado... o corpo cansado, dolorido, machucado...as relações da platéia eram diversas...
A novidade da hidromassagem ( expressão utilizada pela Bárbara para fazer um gargarejo nas "cordas vocais") coisas que ficarão na mente e no corpo! O corpo que brinca, que pula, que cansa...que se alegra!
Alegria de criar, cantar, trabalhar!
Feliz!!!