domingo, 16 de setembro de 2007

sábado, 8 de setembro de 2007

Inscrições Abertas para a Terceira Oficina



Olá Amigos!

Estão abertas as inscrições para a terceira oficina do
Projeto de Formação e Montagem Teatral O ESPAÇO EM ABERTO.
O prazo para a inscrição é até a próxima terça-feira, dia 11 de agosto!

Abraços a todos!

Cia. Experimentus - Itajaí - SC


OFICINA 3:

CORPO E(M) DRAMATURGIA
Ministrada por: MARISA NASPOLINI


Marisa Naspolini é atriz, diretora, professora e produtora teatral. Professora do Departamento de Artes Cênicas do CEART-UDESC, é analista de movimento pelo Laban/Bartenieff Institute de Nova York e mestre em teatro pela UDESC. Participou de mais de 30 espetáculos como atriz, diretora e/ou preparadora corporal em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e no exterior (França, Itália, Canadá e Portugal). Nos últimos três anos, esteve envolvida com a pesquisa "Confissões do corpo: composição cênica e diálogo poético com a literatura de Ana Cristina Cesar".



A Oficina:
A oficina pretende explorar a construção de ações psicofísicas a partir das relações entre espaço interno e externo, impulso e estrutura formal do movimento. Através de práticas que visam investigar aspectos subjetivos, partindo de experiências individuais dos atores/atrizes, trabalharemos o trânsito dentro-fora/fora-dentro, articulando conteúdos dinâmicos e espaciais, mesclando pulso confessional e construção artificial. Serão feitos exercícios de composição individualmente e em pequenos grupos.

Público alvo: atores, dançarinos, estudantes, professores.

Limite de participantes: 15 pessoas.

Duração: 12 horas.
Sábado das 9:00 às 12:00 e das 14:00 às 17:00.
Domingo das 9:00 às 12:00 e das 14:00 às 17:00.

Pré-requisitos:
Ter comprometimento pessoal com o trabalho (pontualidade e entrega). Usar roupas confortáveis. Levar caderno (papel) e caneta. Cada participante deve levar um pequeno texto relacionado com tema sobre o qual queira trabalhar (maiores informações com o grupo).


Local:
Casa da Cultura Dide Brandão, Itajaí (mais outro espaço ainda não confirmado)

Como se inscrever?
Solicite a ficha de inscrição e reenvie para
experimentus@gmail.com até o dia 11 de Setembro (próxima terça-feira)

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Imagens da segunda oficina!









O que é um disparador?

por Sandra Knoll, atriz

Na oficina Procedimentos para Atuação no Espaço Urbano ministrada por Narciso Telles e que lidava com princípios dos viewpoints de Anne Bogart, houve para mim descobertas que ainda estou processando... Ao lidar com o espaço externo (nesse caso, lugares concretos, salas, móveis, igrejas, praças, etc...) como motivador/disparador do meu espaço interno (meu corpo/memória), me vi entrando em cena com a tarefa de interpretar nada pré-estabelecido. "Escutar" o que o espaço, as formas, os cheiros, as texturas me propunham como disparadores de ações cotidianas se tornava um desafio constante... ter a percepção de quando eu estou representando demais.

Nessa oficina, a proposta se direcionava, grosso modo, ao jogo coletivo, à uma atuação que deve apossar-se dos espaços para criar imagens, propondo jogos que permitam ler uma cena com outra métrica: ao invés de uma cena onde um personagem vive determinado conflito dramático, o personagem se configurava quase que coletivamente, a partir dos muitos corpos que geravam imagens espaciais junto aos nossos cenários urbanos.

O trabalho, portanto, foi desenvolvido em espaços não-convencionais. Um antigo colégio foi o local inicial da oficina, e sua estrutura em si propunha elementos bastante provocativos. Salas de colégio, banheiros, pátios, carteiras e cadeiras empilhadas do lado de fora. No segundo dia, a praça da igreja matriz, chafariz, gramas, escadas, parques, crianças correndo e brincando no parquinho, pipoqueiro... "estar" e "ser" num lugar tão cheio de interferências. Como “atuar” num lugar no qual tantas coisas te tiram e prendem a atenção. O que fazer com tantos “disparadores”?

Ter que escolher, optar o que eu quero e o que não quero nesse universo amplo de motivações foi essencial pra conseguir chegar a algo talvez pequeno, porém, representativo no momento. Nesse sentido, o exercício de um registro menos interpretativo e teatral foi um dos focos importantes da oficina. Porém, no momento em que estávamos lá, fazendo, muitas vezes não sabíamos bem o que se configurava num olhar externo. Traduzindo isso para hoje no trabalho que estamos desenvolvendo no Espaço em Aberto ainda é muito vago e confuso... Chegar a entender como esse registro acontece dentro das estruturas que estamos criando é ainda uma incógnita. Mas a experimentação não pára por aí.

Esse projeto criado pela companhia provoca a definição da pesquisa em que estamos, cada um de nós, engajados. A continuidade dos procedimentos que realizamos nas oficinas anteriores constitui uma base pra descobrirmos barreiras em nós, em nosso corpo, em nosso espaço interno/externo. Trazer a tona memórias do corpo de uma linha de vida como depoimentos corporais foram se casando com os temas que cada um tinha no início do processo em que ainda não sabíamos o que era realmente (será que já sabemos?).

Talvez esse processo seja realmente bem amplo e aberto. Entretanto o que mais percebo é a abertura que ele propicia às discussões entre o grupo. Discutir os lugares que cada um está no momento e, como este lugar se dá pra cada um. Há uma preocupação maior em saber quem somos como artistas e como grupo. Como cada um pode dar segmento ao seu trabalho de investigação individual ou grupal. Além de um espaço aberto como local de cena, há um outro que é o local do sujeito no coletivo...

Os primeiros sons...

por Jô Fornari, atriz


O que se espera de uma oficina de voz? Que se trabalhe a voz (óbvio!). Porem, com a oficina que Barbara Biscaro ministrou aqui, nos deparamos com uma proposta um tanto inusitada (mesmo estando previamente alertados). Uma oficina que propunha uma união completa entre voz e corpo. Claro, afinal não são os dois a mesma coisa? Um não está inserido no outro?

Assim, iniciamos trabalhando a partir da movimentação corporal: aquecendo músculos, acionando órgãos adormecidos, liberando energia, explorando o corpo em sua totalidade para descobrir sons, acessar vibrações para, então, conseguir potencializar esse órgão, quase abstrato, porem muito concreto, que é o aparelho fonador, o disparador da voz.

Muito alongamento, muito exercício energético, para explorar o som que sai de nosso corpo, aprendendo a conduzí-lo para poder expandir, sair dele.

Criamos partituras físicas individuais, apoiadas em dinâmicas de peso, leveza, ritmo, intensidade, para em seguida acrescentar sons, fala, grunhidos, gemidos, latidos, agudos, graves, sons que podemos criar a partir de nosso corpo. Mas, de onde vem o som? Que partes do corpo tem de ser exercitadas para produzí-lo? Como conduzi-lo? Onde vibrar? Como não machucar as pregas vocais? Cada movimento físico gerava tons diferenciados. Tipos de timbre, de vibração produzida quando estamos agachados ou deitados ou em pé, ou com a cabeça pra trás, variações exploradas e descobertas sobre o olhar atento de Barbara.

A cada movimento, a cada som produzido, uma descoberta, uma surpresa. "Eu consigo fazer isso!", ou "Eu “tenho” esse grave dentro de mim! Esse som saiu de mim? É meu?"

Assim, acionando órgãos internos e desconhecidos, seguimos nos descobrindo, ora perplexos, ora abalados, pois nossas emoções seguiam junto, também sendo acionadas produzindo sensações de bem e mal estar.

Assim, com partitura pronta, fomos explorar os espaços externos, pois, até este momento, trabalhávamos em uma sala fechada durante algumas horas com as mesmas pessoas, o que de certa forma se tornou confortável. Quando se propõe desconstruir o conforto da sala fechada, outro trabalho começa... A busca do melhor local nos diversos espaços da Casa da Cultura, ou o pior local, da acústica adequada... ensaios individuais em espaço aberto... Na Casa da Cultura tudo foi aproveitado, inserido em nossa partitura, em nosso espaço interno.

Neste exercício de explorar o espaço interno, ora conhecido, ora desconhecido e o espaço externo, conhecido, porem não ativo enquanto espaço dramático, aos poucos fomos nos apropriando deles tentando torná-los um só, tornando-os íntimos . A escadaria da casa da cultura deixou de ser uma simples escadaria. Fez parte de uma criação individual, que por alguns minutos passou a fazer parte do meu material de criação. Apropriei-me do espaço externo como parte indispensável do meu espaço interno.

Ao sair da sala atraímos olhares curiosos, com os quais não estávamos acostumados durante a oficina... Enfim, eis um primeiro desafio: confrontar-nos com o espaço aberto, ar livre, texturas, obstáculos, pessoas, objetos novos e, enfim, o confronto consigo. Todos os olhares são pra você. O palco, ou a escada, ou a porta, ou a sala, ou pátio... é seu. Medo, angustia, nervosismo, ansiedade... E um grande prazer... pelas primeiras descobertas e pelo desafio que começa aqui.